02/10/2006
Os Entendidos

Parte de um assunto do programa de rádio do dia 23-08-2000.

Numa conversa entre três homens, um deles dizendo-se espírita e discorrendo sobre sua crença disse que, só estamos de passagem por este mundo. Que esta vida é apenas uma preparação para outra e nós sempre temos a nossa volta, espíritos que orientam nossa conduta. As maldades que os homens praticam, assim o fazem, porque, seus espíritos ainda são imaturos e necessitam de muitas reencarnações para se aperfeiçoarem. Ao morrermos, nossos espíritos ficam algum tempo num local aguardando a hora de se reencarnarem e lá, são orientados sobre onde e em que famílias retornarão para ter as experiências necessárias para suas evoluções. Então, este nosso mundo é um mundo de ilusão e serve apenas para nossas provações. Aqui, retornaremos muitas vezes para nos educarmos, compreender as ilusões e atingirmos a perfeição para não mais voltarmos. Depois, com corpos mais aperfeiçoados iremos existir noutro planeta mais evoluído e sem pecado.

O outro homem pertencendo a uma religião cristã, também emitiu sua opinião. Disse concordar com algumas idéias do outro, mas, não concordava com a teoria da reencarnação. Para ele tudo era mais simples. Bastava o “amar a Deus sobre todas as coisas e o amar o próximo como a si mesmo” e, depois da morte física ficaria aguardando o “Juízo Final” para depois, participar da “Ressurreição”. O que não lhe estava claro era o fato de novamente habitar ou não em seu “mesmo corpo físico” restituído e se seria com ele que eternamente iria viver ao lado de Deus. Disse que era preciso ter fé para acreditar nisso e ele a possuía.

Como o terceiro homem manteve-se calado e apenas ouvindo os outros dois, eles solicitaram também as idéias dele sobre o assunto. E ele desprezando aquela máxima do “quem fala não sabe e quem sabe não pode falar” aderiu à conversa. Disse aos dois que eles ainda estão preocupados com um “vir a ser”, isso sendo uma incoerência para a existência dos seus presentes ou “agoras” de suas vidas. Alma, espírito, a consciência, o ser, são a mesma coisa. Existem nos “agoras” subseqüentes da vida enquanto temos o corpo para que através dele possam se manifestar. Depois de mortos, sem a existência do cérebro, neurônios e tudo o mais pertinente ao “mecanismo” que a consciência (espírito ou alma) necessita para existir e se manifestar, como ela poderia sobreviver e conscientizar-se de si mesma e daquelas circunstâncias do depois da morte que os outros dois falaram? Segundo ele, o raciocínio dele é coerente porque é só até onde o conhecimento humano pode chegar e que é constatável, ao nível de como é constituída a nossa consciência.O que está além está no “terreno” da especulação, da abstração, da ficção ou mesmo, do delírio. Continuando, ele disse aos dois primeiros a falar que, nada do que disseram são novidades, pois, foram apenas repetições do que ouviram falar e fazem parte do deleite do povo, onde a fé sobrepuja a realidade e pode criar possibilidades das impossibilidades. Terminando, qual dos três estaria mais certo? A resposta é simples: “Ao seu nível de razão, qualquer um tem razão”.

Altino Olímpio

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