13/08/2007
Relembrando e Revivendo

Sabe-se de muitas pessoas que não gostam de ficar sozinhas. As lembranças que “caem” em seus pensamentos e neles revivem situações passadas, no mais das vezes provocam tédio, tristeza e desconforto por se reviverem nalgum acontecimento desagradável, triste, ou mesmo vergonhoso. Mesmo as cenas revividas de antigas situações, nada sendo de anormais se comparadas com as situações vividas por outros da época, tais cenas, se comparadas com as cenas das suas atuais situações, a confrontação entre elas pode provocar um mal-estar mental nas pessoas revivendo-se no passado, numa situação simples, humilde, sem as modernidades e os confortos desta atualidade. Vendo-se em seus passados, uma nostalgia envolve essas pessoas e as faz pensar que elas são o que foram em seus passados. O “quem sou eu” de cada uma é percebido ou sentido nas circunstâncias mais marcantes de sua vida onde a pessoa se vê como pensa que outros também a viram. Isso é mais comum nas pessoas que se afastaram de suas atividades e em parte da sociedade, quando, o “quem sou eu” delas mais são os seus passados. Seus presentes com suas rotinas mais calmas e sem circunstâncias relevantes, não se incorporam nos seus de agora “quem sou eu”, pois, seus presentes são pressentidos como sendo uma continuação dos “quem sou eu” já estabelecido pelo passado.

O não querer ficar a sós de muitas pessoas, isso, pode ter a ver com a facilidade com que elas deixam seus passados se introduzirem em seus presentes. É comum não se manterem presentes em seus presentes, preferindo mentalmente se deslocarem aos seus passados. Só o nosso corpo é presença constante nos subseqüentes momentos presentes de nossa vida. Nosso pensamento não! Qualquer estímulo sejam visuais, auditivos, olfativos ou, mesmo um pensamento inesperado, isso é “puxado” pela memória que já arquivou algo parecido e nós, sem querer, instantaneamente, somos transportados ao passado para reviver na recordação o algo do passado que o estímulo parecido provocou.

O pouco de atrativo, de interessante e emocionante dos atuais momentos rotineiros dessas pessoas que não gostam de ficar sozinhas, isso, desaloja-as de seus imediatismos e colocam-nas sujeitas a reviverem cenas em seus “quem sou eu” de outrora.È quando podem ressurgir seus erros, humilhações, mágoas, dissabores, rancores, traumas, culpas, arrependimentos, remorsos, decepções, e, quaisquer outros sentimentos negativos que, acarretam num mal estar de espírito, tornando essas pessoas melancólicas, infelizes e até indesejáveis por outras. Por conta do não saber controlarem seus pensamentos é que essas pessoas não gostam de ficar sozinhas. Entretanto, ao contrário, outras pessoas existem, apreciadoras de suas solidões, pois, com elas, seus “quem sou eu” não são percebimentos dele só tido estabelecido nas circunstâncias do passado com as quais mais se identificou. Nestas, os percebimentos de seus “quem sou eu” são mais atuais. São também conforme as suas transformações interiores e exteriores ocorridas até então, o que, as mantém mais realistas e mais amplas em suas existências.

Altino Olímpio

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