08/07/2008
A Psique Em Evidência

A Psique Em Evidência

Quando falamos na psique humana, isso, provoca várias noções de como ela possa ser. Se falarmos que ela é o “ego”, muitos concordariam. “Pelo seu início, ele é formado pela percepção geral de nosso corpo e existência dele como distinto dos demais e pela memória que registrou o nosso condicionamento na vida” (C. G. Jung). De fácil percepção o pensamento se destaca como sendo o principal aspecto da evidência da psique humana, embora, tenha ela outros atributos não tão evidentes como o pensamento. Ele faz parte da consciência e é com ela que a psique mais se identifica. Tratando-se de sua manifestação mental, a psique se divide em três atuações: atuação consciente, atuação subjetiva e atuação inconsciente. Nas duas primeiras temos participação direta, mas, na terceira não. “A consciência é como uma superfície ou uma película cobrindo a vasta área inconsciente, cuja extensão é desconhecida”. Também “A nossa possibilidade (a consciência) restringe-se à percepção de instantes de existência. Seria como se observássemos através de uma fenda e só víssemos um momento isolado --o resto seria obscuro, inacessível à nossa percepção. A área do inconsciente é imensa e sempre contínua, enquanto a área da consciência é um campo restrito de visão momentânea”. (C. G. Jung)

As Sociedades ou Escolas Secretas do passado eram procuradas por aqueles interessados em adquirir conhecimentos, pois, na religião dominadora sobre a mente do povo não existia instrução para autodesenvolvimento. Tudo nela era para o desenvolvimento da fé como conseqüência para a salvação da alma depois da morte. Partes dos discordantes disso ingressaram em Sociedades Secretas sendo Intelectuais, filósofos, pensadores e outros. Como dizem, vários ficaram famosos pelas verdades que difundiram. Em suas épocas, essas Sociedades sempre foram perseguidas pelos governos e pela religião dominante, pois, seus integrantes poderiam escapar dos padrões generalizados entre o povo e mais difíceis de serem dominados.

Aquelas Sociedades incutiam em seus integrantes a necessidade de desenvolver maior aplicação da capacidade de seus poderes inconscientes. Lembrando, consciente é o nosso lado externo e o inconsciente o lado interno, aquele que não temos participações diretas, conscientes. Inúmeros exercícios eram praticados com a intenção de “despertar” para o eu exterior manifestações do eu interior, ou, tornar conscientes efeitos inconscientes. O homem nunca seria pleno em sua capacidade mental se ambos, seu consciente e seu inconsciente não seguissem juntos trocando experiências e é esse o significado do encontro entre o discípulo e o seu mestre.

Existiam exercícios (como ainda existem) para desenvolver os chamados centros psíquicos existentes no nosso corpo (nossas glândulas) com o intuito de despertá-los para funcionarem como receptores e emissores de energias sutis, como, transmissão de pensamento, telepatia, intuição e tudo o mais, visando a expansão da consciência. As instruções tanto beneficiavam o lado inconsciente como também o lado consciente. Os estudos compartilhavam para o homem se libertar de seus medos, superstições e ignorâncias, entretanto, o vulgo jamais imaginava como seriam essas instruções ocultas para tal aperfeiçoamento. Contudo, a psique humana bem desenvolvida ou não, ela é “terreno fértil” para o plantio de sementes de cujas árvores podem produzir bons ou maus frutos.

Hoje, como no passado, algumas Sociedades Discretas pretendem levar seus adeptos para o objetivo mais sublime que um ser humano queira alcançar ainda em vida: um salto para a Consciência Cósmica. Entretanto, essa “iluminação” não é para qualquer um, embora, tais sociedades incentivem a todos os seus integrantes para conseguí-la. Como exemplo citam alguns personagens que se sobressaíram nisso como Buda, Lao Tse, Jesus, Jacob Boehme, Walt Whitman, e vários outros. Pertencentes a essas Sociedades, muitos dedicam anos e anos de suas vidas em busca desse objetivo sublime e quando em suas velhices não o tendo conseguido, repetem o mesmo chavão: eu não tive merecimento, eu falhei, e etc. Quase nunca desabonam seus aprendizados porque, sempre é preciso manter aquele carisma de bem evoluído na senda, isso, quando já não desistiram de seus intentos, mas, até aí, muito tempo decorreu. Essa gente viveu no que queria se esquecendo de viver no que podia.

A irmandade humana não vive em ideais de semelhantes para semelhantes e sim, em ideais dessemelhantes entre semelhantes. Para isso existem as redes para pescar homens. As de malhas grossas “pescam” os famintos por entretenimentos. Outras são para prender pessoas em suas casas nos lazeres eletrônicos. Existe rede para pescar escritores, formadores de opiniões e etc. E assim, elas vão tendo malhas mais finas conforme vão sendo necessárias para pescar homens mais refinados, cultos e ilustres. Para todo tipo de homem existe um tipo de rede. Ninguém escapa. Nem aqueles “iluminados” de alguma daquelas sociedades que estivemos falando e nem outros que estão sob “uma proteção divina”. Para cada tipo de pessoa existe uma ceva bem atraente onde ela possa participar na ilusão de ser livre. Os mais simples são contentes com as suas situações apenas o viver lhes basta. E assim, com cada um na sua, os humanos mais vivem isolados em si mesmos e entre si incompreendidos sob a regência das importâncias e dos valores que lhes são sugestionados. Sendo assim, o mundo caminha com manobras e com manobrados. Assim foi, continua e sempre será.

N.R. Altino Olympio é um dos últimos filósofos caieirenses ainda vivo.
 


Altino Olímpio

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