23/09/2008
Cotidiano ao Avesso

Na volta da viagem para uma cidade tida como sagrada acontece um acidente grave quando morrem até crianças, mas, um adulto se salva. Ao dar entrevista para um repórter, ele feliz com a sua sobrevivência, como quase já é costume generalizado ele diz: É coisa de Deus, por isso me salvei. Verdade, Deus deve ter tido preferência por ele, pois, deve ser melhor e mais importante que os outros, inclusive as crianças. Em velórios, a circunstância que socialmente deveria ser triste, deixa de ser porque nossos ouvidos captam tantos conhecimentos alheios que poderiam provocar risos se eles não fossem inoportunos para o bem (hipócrita) de viver em sociedade. Ouvimos “Deus sabe o que faz; ele ou ela descansou; agora mesmo já deve ter reencontrado com o cônjuge lá no céu; é, sua hora chegou; Deus o levou para junto dele; agora ele ou ela está em paz; agora de lá de cima continuará cuidando de você; não é bom chorar porque isso prende o seu espírito por aqui; ele ou ela não está só, parentes que já morreram vieram para buscar; estamos aqui e só de passagem; ele ou ela já cumpriu a sua missão (qual teria sido?); não existe morte, ele ou ela agora está num mundo melhor; nós todos nos reencontraremos um dia” e etc. Muito interessante! Nessas horas são muitos os que muito sabem de tudo e tudo é para consolar os que estão ao lado dos seus mortos, quando, às vezes não pedem e não querem ser consolados, pois, sabem que não existe argumentação consoladora para tal, só os consoladores parecem não saber. Tem figurante que se aproxima de algum parente íntimo do ou da falecida já chorando de tanta tristeza para logo mais depois desse nobre gesto social ser vista bem descontraída e sorrindo ao lado de outros. Se pudéssemos ler pensamentos dessas pessoas, não seria surpresa se estivessem na novela que perderam ou, se no velório de dia, estivessem eles em seus hábitos diários que tiveram que interromper. Se os seres humanos só abrissem a boca para falar apenas do que verdadeiramente sabem, o mundo seria mais agradável e silencioso. Quem vive restrito apenas onde vive, não imagina como na Grande São Paulo, denominações várias sobre elucidações dos mundos abstratos estão ai diariamente promovendo seus cursos e palestras e mais palestras para platéias lotadas onde disseminam seus “conhecimentos”. São mesmo convincentes para pessoas despreparadas em refutar o que lhes seja incoerente. As preparadas lhes são tidas como incrédulas, materialistas e etc. Se todas as idiotices que falam, que espalham e que contaminam fedessem como bosta, seria insuportável viver neste mundo. Seres humanos, se dedicassem seus tempos a assistir na TV o seriado do Chaves, nada teriam a perder, pelo contrário, só ganhariam com isso porque, crianças com crianças sempre se entendem. Puras, são fáceis de enganar com a existência do Papai Noel e os adultos, crianças que foram se esqueceram de deixar de brincar de se enganar.


Altino Olímpio

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