11/06/2009
Amor tem prazo

Na juventude, época quando mais éramos instinto, emoção e muito de ilusão, quando nós nos apaixonávamos, parecia que, a intensidade e a profundidade de nosso amor iriam ser imutáveis para todo o sempre. Os filmes e as músicas românticas muito contribuíam para isso. Nós nem considerávamos a vida dos mais velhos como exemplos para essa suposta perpetuidade do amor intenso e sempre igual. Se fôssemos mais atentos teríamos percebido neles a ausência daquela veemência do amor de suas juventudes. A vida a dois teve seus percalços e ninguém é excluído disso. A vinda dos filhos, as responsabilidades e preocupações comuns, entretenimentos, a rotina se fazendo presença, doença e tudo o mais a dividir atenções e a enfraquecer aquele amor exaltação da juventude. Aquele amor de só vermos o rosto da pessoa amada, só querer a presença dela e só nela pensar. É como se outras pessoas não existissem, às vezes, nem mesmo os familiares (risos). Nessa circunstância, traições são raras. Diferente de quando numa vida a dois o tempo já arrefeceu, já “esfriou” aquele arrebatamento emocional entre ambos e a convivência mais está para a continuidade familiar. Nessa condição, muitos interiormente se sentem desguarnecidos daqueles anseios sentimentais românticos de suas juventudes ausentes na atualidade, ofuscados que foram pelos dia-a-dia da existência. A paixão dera vez às contingências cotidianas, estas, mais preponderantes em suas exigências. A trajetória da vida avançando pelo somar dos anos é outro fator a contribuir para atenuar a força com que o amor anteriormente se expressava. Um vazio existencial pode se apoderar dos menos conscientes de como a vida é em seus desígnios. Tão difundido, desejado, o amor sentimento e consequentemente carnal entre duas pessoas, tido como a maior felicidade humana, como notado nos casais, parece mesmo que sua intensidade tem prazo de existência. Aquele amor para sempre arrebatador sonhado na ingenuidade de nossa juventude era só pra ela correspondente com o tempo dela.

Altino Olímpio

Leia outras matérias desta seção
 » Opiniões ou conclusões impopulares
 » Turismo na UPA de Perus
 » A solução
 » No mundo existem crédulos e incrédulos
 » Joana d’Arc (1412 – 1431)
 » Foram tempos de fascinação
 » Não vou, é muito longe
 » Somos acúmulos do que mentalmente recepcionamos
 » Quando a vida é bela ou cor de rosa?
 » Reflexões 
 » Só sei o pouco que sei e mais nada
 » Conversa entre amigos do antigo Orkut
 » O “me engana que eu gosto” é sempre atual
 » A mulher do ai, ai, ai
 » Quando nós seremos nós mesmos?
 » Viver muito cansa?
 » A aventura de viver
 » Esquecidos, o céu, o sol e a lua 
 » Uma lembrança que a memória não esqueceu
 » Tempos felizes de molecagens

Voltar