03/06/2011
Nadar e morrer na praia

 Nadar, nadar e morrer na praia

A vida na terra é infindável, mas, o vivê-la termina no fim do prazo da existência corpórea. A vida ao abandonar do corpo chama-se morte. Ela, se sempre questionada poderia implicar em mudanças no modo de vivê-la. Algumas mudanças poderiam evitar contrariedades futuras. Mas, não! Talvez todos, em seus subsequentes cotidianos evitem imaginar se o que pretendem para si não venha a causar-lhes dissabores. Mas, como saber disso se o porvir é só incerteza? Entretanto, sempre se fica sabendo de alguém envelhecido tornado indiferente, intolerante, aborrecido com a vida e com a perda do interesse por quase tudo o que é apreciável por outros, inclusive, com a perda de interesse por eles também. Situação esta, evidente nos desvencilhados das ilusões, das vaidades e das superstições, “combustíveis” que foram para suas vidas. Para eles, os ainda entretidos nessas “prisões mentais” lhes são insuportáveis. Que inevitabilidade! Tais prisões encontram liberdade de se apoderar até dos familiares e de seus descendentes. Sem generalizar, um homem quando se situa na fase precedente ao seu final, sendo reflexivo (e nem precisa tanto) poderá perceber o quanto se encontra desajustado entre seus próximos, como se, “sua vez de ser” tenha passado. Muitos nessa mesma fase, quando poderiam desfrutar do conforto pelos bens adquiridos, problemas de saúde os impedem. Visão e audição enfraquecidas, alimentos poucos a poder saborear, memória e consciência abaladas, dores e o andar cambaleante são os componentes da apoteose de suas vidas. Parece que a natureza ri das peripécias humanas para prolongar a juventude, encontrar a felicidade e o conforto no final de suas existências. Tudo em vão! Poucos não são afetados por anomalias físicas e mentais, embora, sejam comuns nesta época calamitosa. Esses poucos têm a “felicidade” de pouco a pouco ir definhando, algumas vezes só tendo que ouvir de pessoas francas e autênticas, isto: Ai que lindo, ai que bonitinho. De fato e até poderiam participar de um concurso de beleza. Contudo, aqui ficou uma dúvida. Em qual fase da existência nós somos nós mesmos de verdade? Na fase de quando crianças, na de jovens, na de adultos ou na fase de velhos? Qual delas será escolhida para a nossa ressurreição? Gostaria de saber. Enquanto continuo por aqui só boiando, já nem nado mais, pois, matutando fico a me perguntar se alguma vez foi notícia alguém por milagre “não ter morrido na praia depois de ter nadado, nadado e tanto ter nadado” e ter provocado ondas, só ondas.

Altino Olympio

obre a crônica “Nadar e morrer na praia”

Altino, dura realidade não? Deprimente. Resta o consolo porém, de que todos, sem exceção passrão por esta trajetória de vida.Ninguém escapará.

Mesmo os ricos, poderosos, famosos. Todos enfim. Mas como vc citou ressurreição, acho que o ideal seria na fase em que estamos jovens mesmo, afinal é a fase onde fisicamente estamos melhores, no auge, sem as inconvenientes dores físicas e onde a vontade de conquistar o mundo é tão grande que nada nos preocupa mais além de viver as melhores emoções da vida.

Sabe não gostei muito desta crônica, mesmo sendo tão verdadeira. Acho que ela me deixou um pouco triste...

Um abraço.

"Sabe não gostei muito desta crônica" kkkkkkkkkkkk vc me faz rir, obrigado. Será que devemos escrever só o que as pessoas gostam? É, a crônica aborda um assunto que ninguém gosta se lembrar. É sobre aquela estrada por onde todos irão passar e não vão mais voltar. Passando pela estrada todos vão deixando pra trás as tantas coisas por que lutaram pra conseguir, outras tantas que acreditaram para tudo se transformar em esquecimento. Imagine uma pessoa que morreu há cem anos e que seus parentes também morreram. Ninguem se lembra dela e é como se ela não tivesse existido a não ser que tenha sido uma pessoa influente e tenha feito alguma história de sua vida. Mas nós, piquinininhos como somos, marcaremos nossa passagem por este mundo tão desmundoador de tudo o que nele de vivo existe? Fica triste não! Só quem está vivo é que pode ficar triste.

Abracitos

Altino Olímpio

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