16/08/2011
Proteção incontestável

Proteção incontestável

Falam muito sobre o viajar porque ele trás experiências para as pessoas viajadas. Será mesmo? Por que então noto que algumas pessoas voltam mais burras do que eram antes de viajar? Mas, decidi aceitar essa sugestão e por meses me preparei. Comprei uma mala, roupas novas, atualizei o passaporte e chegou o grande dia. Estive sim com medo de turbulência, medo de seqüestro, transvio de malas, tudo em vão. A longa viagem até a Cidade de Pirapora do longínquo Estado de São Paulo transcorreu sem incidentes. Como bons turistas eu e um amigo estivemos num comércio para comprar lembranças do lugar para os familiares. Enquanto estava nas gracinhas com a vendedora o amigo chamou-me de lado para me mostrar algo muito fascinante. Era uma fotografia de uma santa com o seguinte dizer escrito: “Nossa Senhora Aparecida protege esta casa”. Depois ele me mostrou as portas daquele recinto onde não havia mais lugar para colocar outros cadeados. Eram tantos e nós dois caímos na risada. Se alguém soubesse do motivo da risada poderia pensar que éramos loucos, mas, na verdade, quem estaria sendo louco? Será que os cadeados estavam a dar a entender que os donos daquele estabelecimento não confiavam na santa? Nossa! Isso é pecado da contradição. Por falar em contradição a mídia, tempos atrás noticiou uma acontecida, se me lembro, lá em Santa Catarina. Fiéis estavam numa procissão carregando andor e eis que de repente um carro desgovernado a invadiu provocando tumultos. Colocaram o andor no chão para ele descansar um pouco e a seguir tentaram linchar o motorista para ele ser taxista lá no céu. A reza a se ouvir eram os gritos, pontapés e pauladas contra o automóvel do rapaz que ficou todo amassado. A polícia interveio e para protegê-lo “enfiaram” o rapaz do “espalha gente religiosa inofensiva” no veículo policial.  O santo do andor, paciente como sempre é, esperou o acalmar dos ânimos para seus fiéis se lembrarem dele e do porque lá estavam. Só esteve um pouco receoso, pois, numa outra cidade, na volta de uma procissão, mesmo sem qualquer atropelamento a distrair os participantes, a santa do andor ao bater com a cabeça no batente da porta da igreja se viu despojada dela. Uma vez também um homem pela televisão publicamente chutou a santa e por causa disso o mandaram “pregar” noutros rincões de outro país. Como podemos notar, aqui neste país nem os santos se livram dos acidentes. Imaginem então os seres humanos, frágeis como são, coitados, eles dependem da sorte para sobreviverem sem esses percalços da vida.

                                                                                                  Altino Olympio


Altino Olímpio

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