03/10/2016
A vida é um bem perecível

A vida é um bem perecível

Nada se sabe do antes e nem do “acontecimento” do início do nosso existir porque a consciência que faria isso saber ainda não existia em nós. Nascendo nenê, nós fomos um “surgir” sem saber e sem querer num ambiente ainda confuso onde nada distinguimos e nem nós mesmos nos distinguimos. Não nos existia aparências e nem diferenças. Tudo era tão estranho mesmo ainda não se tendo a consciência para tudo se estranhar. Éramos o que ainda não sabíamos “quem e o que éramos” numa situação de total obscuridade para os nossos sentidos de percepção ainda em formação. Entretanto, o instinto já havia nascido conosco e foi ele o causador do nosso choro por querer mamar. Isso tudo é o início da vida de qualquer “ser que sem saber e sem querer” surge neste vasto mundo. Alguns com o privilégio de ter nascido no seio de uma família rica e outros pelo descuido do destino de ter nascido no seio de uma família pobre. Até para nascer parece que já existe uma loteria da sorte (risos). Isso, se de fato a alma existe e se ela é atraída para dentro do corpo ao nascer da criança.

Mas, não é questão de sorte. Pais ricos geram crianças ricas e pais pobres geram crianças pobres. Unida ao tempo, nossa vida tem um período para existir nele. No fim desse período ela termina enquanto ele continua eternamente. Todos gostam de viver, embora, sabendo que num dia vão morrer. Pensar na própria morte ninguém gosta e quando se é jovem parece que ela vai demorar uma eternidade para chegar. Porém, a morte mais começa a se anunciar quando a velhice chega (e não demora muito) mostrando o desgaste do corpo. Existem pessoas que ficam irreconhecíveis pelas marcas com que o tempo, cruel, bandido e implacável como é, modifica suas fisionomias. É o “prognóstico” que o fim da vida já não tarda muito a chegar e não existe remédio para curar a morte, remédio só existe para curar doenças, isso, quando cura (risos).

Do antes de nascer nada se tem a perder, diferente do morrer quando se perde tudo o que se tem. Nisso está o ilusão de qualquer um, de tanto querer ter e de tanto querer ser. O “ter” é só um empréstimo para “possuir” qualquer coisa enquanto se vive. O “ser” na morte passa a ser “o que se era” enquanto se vivia (risos). Ninguém escapa desse fim “do ter e do ser”. Como não há alternativas e como a vida é um bem perecível, só há o consolo de querer viver bem e ser feliz (quando se consegue) no período de vida “reservado” para cada um pelo “destino” ou pela durabilidade de sua constituição corpórea. A morte, mais ela existe para livrar o mundo dos que se tornaram incômodos para a sociedade (risos). Só mesmo ela pode proporcionar alívio aos incomodados quando eles, por obrigação, dever ou pena, muito precisam cuidar dos seus incômodos (risos).

                                                                                     Altino Olympio


 



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