04/11/2022
Momentos pensativos

Às vezes me pergunto porque estou ficando cada vez mais calado

As conversas se tornaram apenas sendo conversas

Às vezes parece que as pessoas não têm mais o que conversar

Mas conversam apenas pelo vício de conversar

Ainda bem que o pensamento substitui as conversas

Pelo pensamento converso comigo mesmo

E se conversamos é em silêncio sem o ruído das vozes

Que são sons que às vezes me enjoam de ouvi-los

Só depois de ter vivido muitos “ontens” é que aprendi a me ouvir

Agora estou sempre me ouvindo ao invés de ouvir outros

Quando eu mesmo me “ouço” só ouço o que quero

 

Eu sempre saio por ai ou sempre saio por aqui donde moro

Durante a pandemia eu também sempre saia por aqui

Sempre meus passeios são por aqui ou por ali

E são meus turismos pelos supermercados da vida

Faz tempo que a viuvez me impôs esse destino

Que muito me distrai e muito me descontrai

Tudo o que vejo nos supermercados

São alegrias para os meus olhos

As cores dos produtos provenientes da natureza

Das hortaliças e dos frutos dos pomares

Parecem que ficam lado a lado exibindo suas belezas

Tudo tem o seu preço e eu quase sei o preço de tudo

Se o governo deste pais souber disso tudo que sei

Ele vai querer que eu seja o ministro da economia

Mas a melhor economia de vida que eu tive

Foi a de nunca ter pensado em ser político

 

Uma vez de quando eu estava à toa na vida

Como agora que à toa sempre estou

Me veio na mente uma recordação do passado

As recordações são sempre do passado

Só as esperanças é que ficam no futuro

Mas o estar à toa pode estar em qualquer presente

E naquele dia em que eu estava à toa na vida

Meu pensamento me disse que não se pode livrar

Dos presentes que são subsequentes

E que nunca sabemos do que eles nos podem trazer

Tudo o que me aconteceu lá no passado foi cógnito

Se ainda existe algo para me acontecer nesta vida

Nesta vida tudo me é incógnito no mais nada a desejar

Aonde foram parar os desejos, as paixões, as ambições

As ilusões, as vaidades, os temores e as emoções

Que foram derrotadas agora pelo “estar à toa na vida”?

 

Antigamente eu gostava de saber de tudo que não sabia

Não sabia que na velhice tudo o que sabia de nada servia

Mas aprendi que pra viver nada se precisa aprender

A vida não tem os mesmos ensinos que temos no viver

Como o ensino primário ou fundamental

Depois o ensino médio e depois a faculdade

A vida por si mesma já seria um ensino

Aquele do basta viver para aprender

Ser só o que se é sem querer ser o que não se é

E assim a vida transcorre até quando se morre

Ela ensina a viver mas a ninguém ensina a morrer

E é por isso que muitos morrem sem saber (risos)

 

Sou do tempo de ir catar goiaba nas matas

E também de catar pinhão que caia pelo chão

Também de beber água de cascata

Fui de me balançar em cipós

Imitei macacos ao subir em árvores

Pesquei e nadei em lagoas

Joguei futebol com bola de meia

Quando tinha chuva de pedra

Eu chupava as pedrinhas de gelo com açúcar

Fui de rodar pião, jogar bafo com figurinhas

Fui de fazer cabana na mata

E fui de fazer tantas coisas que os meninos faziam

E hoje tem meninos que nunca viram uma bananeira

É difícil vê-los a brincar pelas ruas

Hoje mais eles “desbrincam” com os seus celulares

Telefones estes que modificam as suas infâncias

E com isso seus pais dispensam até as babás

Quem ainda canta aquela música... ...

“Criança feliz que vive a cantar

Alegre a embalar seu sonho infantil

Ó meu bom Jesus que a todos conduz

Olhai as crianças do nosso Brasil

 

Altino Olimpio



Leia outras matérias desta seção
 » Nesta época quantos iluminados existem no mundo?
 » Opiniões ou conclusões impopulares
 » Turismo na UPA de Perus
 » A solução
 » No mundo existem crédulos e incrédulos
 » Joana d’Arc (1412 – 1431)
 » Foram tempos de fascinação
 » Não vou, é muito longe
 » Somos acúmulos do que mentalmente recepcionamos
 » Quando a vida é bela ou cor de rosa?
 » Reflexões 
 » Só sei o pouco que sei e mais nada
 » Conversa entre amigos do antigo Orkut
 » O “me engana que eu gosto” é sempre atual
 » A mulher do ai, ai, ai
 » Quando nós seremos nós mesmos?
 » Viver muito cansa?
 » A aventura de viver
 » Esquecidos, o céu, o sol e a lua 
 » Uma lembrança que a memória não esqueceu

Voltar