13/03/2009
Aninha moreninha

Lá pelos idos de 1967-1968 Aninha frequentava uma escola de comércio antiga e tradicional na Capital, talvez fosse o curso de secretariado, uniforme verde e branco, a moreninha trocava bilhetinhos com o rapazinho  a noite, na mesma escola.

Os bilhetes ficavam escondidos na cadeira e  era comum esse tipo de correspondência entre as mocinhas do período matutino com a rapaziada do noturno, duravam o ano escolar e as vezes o atravessavam.

No caso da Aninha foram dois ou mais anos, virou uma afetuosa conversa entre adolescentes, escreviam de tudo um pouco e a vida correndo célere...
Quantos sonhos naqueles pedacinhos de papel, quantos planos e quantas promessas, a vida correndo célere... - um dia terminaram cada um o seu curso e nunca mais se comunicaram, sim, houve um encontro de despedida mas passou tanto tempo que o rapaz mal se lembrava.

Aninha, moreninha decidida, altiva, já mostrava que tinha garra e talvez tenha necessitado dela vida afora, mas certamente venceu. Contratempos? - talvez muitos, alegria e tristeza? também, mas o rapaz sempre apostou naquele sorriso vitorioso que nunca tinha visto mas imaginava.
Teria ela guardado  os bilhetinhos? - quase quarenta anos depois revirando coisas antigas ,o rapaz, que a muito deixou de ser, encontrou um deles, não dizia muito mas trouxe a tona lembranças carinhosas.

Com a facilidade das comunicações encontrou seu telefone e ligou, Aninha atendeu, a emoção que bloqueia a voz e entorpece os pensamentos não deixou que falassem muito, ficou meio irreal, e claro a conversa foi sobre suas vidas: profissão, casamento, filhos, saudade da juventude que se foi.

Nunca mais se falaram, a vida correndo célere.... - e Aninha onde estará? - porque lembrar agora e escrever? é só mais uma doce lembrança que alimenta a alma e se recusa a ir embora, “tu te
tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”. disse o príncipezinho, e o novo
século já não é tão novo...
 

 


Edson Navarro

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