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Novembro de 2002
O País é do PT e como vai ficar Caieiras?

As urnas mostraram que o povo sabe votar sim, ou melhor, que consegue aguentar a injustiça até um certo tempo, apenas. Os empresários perderem suas empresas e os empregados engrossaram a fila dos desesperados. Pior ainda, perderam a dignidade ao ver seus direitos mínimos correrem direto para o ralo.

É nesse contexto, deve ser visto a vitória do metalúrgico, Luís Inácio LULA da Silva, presidente eleito do Brasil.

Mas para chegar esse ponto, o ex-sindicalista do ABC mudou sua forma de fazer política.

LULA aprendeu com os próprios erros. Percebeu que para chegar ao poder não precisava seguir alguns caminhos mal traçados pela esquerda na América Latina.

Leia-se: atentados e pegar em armas.

O presidente eleito teve apenas de entender que política resulta na arte de negociar com todas os segmentos sociais.

Isso significa compartilhar o poder e renunciar ao radicalismo. Mas para chegar a esse estágio levou 12 anos.

A "onda LULA" provocou um clima de otimismo entre a população brasileira. A força dessa onda invadiu muitos municípios fazendo novos políticos pensarem em mudanças.

Caieiras e o PT - Entre os municípios invadidos pela onda LULISTA encontra-se a cidade de Caieiras. A votação para deputado estadual , federal, senador e sobretudo para presidente mostrou que o LULA afirmara durante o seu primeiro pronunciamento como presidente eleito: "Que ninguém duvide da classe trabalhadora mais". Exageros a parte, os números expostos pelo site do TSE mostram algumas vertentes interessantes.

A começar com o número de votantes da cidade: 43.414. O número de abstenções tanto no primeiro turno como no segundo ultrapassou os cinco mil votos. Apesar de no primeiro instante Ter sido creditado a falta de planejamento adequado do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O segundo fez emergir a verdade: cinco mil eleitores não concordam com o crescimento do Partido dos Trabalhadores na Cidade.

O Prefeito Névio  Dártora e o PT - O número elevado de abstenções encontra respaldo de maior intensidade no fato de ser Caieiras, uma cidade da alta burguesia, onde o representante maior é o atual prefeito Névio Dártora.

A influência de sua família impera há mais de duas décadas. Os cargos do primeiro escalão são ocupados por pessoas dentro da esfera de sua influência. Os rebeldes recebem tratamento de inimigos. Dois jornais formam a base na mídia impressa para mostrar seus feitos. E também para atacar e destruir seus detratores.

Mas os tempos são outros. Tanto que na última eleição para prefeito, o então candidato deixou de lado um correligionário, o advogado José Roberto, para colocar em sua chapa, o professor Joaquim Costa para vice.

No cardápio oferecido ao PT constava a secretaria de Saúde e a da Educação. Esta última, com o maior orçamento do município. Como se esperava, Joaquim Costa não levou nenhuma das duas. Em seguida, foi prometida a Secretaria do Meio Ambiente, mas terminou mesmo no Centro Cultural. Sem dinheiro, sem poder, Névio mostrou que é um político astucioso. Nada de poder para os petistas.

O PT depois do LULA - Mas agora o Partido dos Trabalhadores tem o que negociar. O crescimento dos votos na legenda e em seus candidatos a Assembléia Legislativa e ao Congresso Nacional. Sem falar na presidência da República. O único furo nesse roteiro da cidade ficou por conta do candidato derrotado ao governo do Estado. Em Caieiras, os eleitores deram mais de 50% dos votos ao médico Geraldo Alkimin (PSDB).

Essa constatação leva a crer no problema da liderança. Para ganhar eleições, não basta apenas ser PT, precisa de programa de governo e sobretudo de uma liderança a altura. Neste pormenor, aparece o carisma do vice prefeito, Joaquim Costa.

O fato de estar aliado ao prefeito Névio tornou um problema sério para o PT e Joaquim. O Prefeito de Caieiras vem, sistematicamente, transformando o seu vice a um simples fantoche. Por medo do futuro iminente, Névio não se arrisca a dar-lhe uma secretária de peso. Até quando?

Os membros do diretório local não falam publicamente. Mas em conversa reservada prometem mudanças de agora em diante. "Ou senta conosco e negocia as secretarias conforme acordo antes das eleições, ou caímos fora", ameaça um influente membro do diretório local. E continua: "Pode escrever aí, logo vamos botar a boca no mundo.

Janeiro é o prazo limite para o senhor Névio Dártora mudar".

A realidade - O PT está com a faca e o queijo nas mãos. Se não conseguir impor a sua importância no contexto nacional e local, pode parecer aos eleitores locais fogo de palha. Na mesma proporção, os membros de seu diretório devem sair de trás das cortinas e passar a desfilar um programa de medidas que aglutine todas as camadas sociais.

Para muita gente, o prefeito Névio não vem atendendo as necessidades dos munícipes. Na Saúde insiste num sistema onde privilegia a construção de um hospital em detrimento de um programa de prevenção.

Resultado: Caieiras tem casos de Dengue, apesar de membros da comunidade médica alertar para diversas medidas. Na área social, faltam creches, e sobram queixas da população. Como se vê, a hora é do PT, só precisam agir.


Jornal Gazeta Regional

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