Uma das siglas mais conhecidas para quem acompanha o noticiário financeiro e segue de perto a realidade econômica brasileira é a Selic. Afinal de contas, todos os meses o Comitê de Política Monetária do Banco Central, o Copom, se reúne e decide se a taxa básica da economia brasileira vai subir, cair ou ser mantida estável.
O que pouca gente sabe, porém, é exatamente o que esta taxa significa, como ela afeta o dia-a-dia das pessoas e qual o seu efeito sobre as outras taxas de juros da economia.
Copom determina a meta da Selic
Embora quase todo mundo acredite que o Copom determina efetivamente a Selic, no fundo o colegiado está determinando a meta da Selic. Para entender a diferença, vale a pena analisar em detalhe o que é a Selic.
A taxa Selic é a taxa de financiamento no mercado interbancário para operações de um dia, ou overnight, que possuem lastro em títulos públicos federais, títulos estes que são listados e negociados no Sistema Especial de Liquidação e Custódia, ou Selic.
Em outras palavras, esta taxa é usada para operações de curtíssimo prazo entre os bancos, que, quando querem tomar recursos emprestados de outros bancos por um dia, oferecem títulos públicos como lastro, visando reduzir o risco, e, conseqüentemente, a remuneração da transação.
Assim, como o risco final da transação acaba sendo efetivamente o do governo, pois seus títulos servem de lastro para a operação e o prazo é o mais curto possível, ou apenas um dia, esta taxa acaba servindo de referência para todas as demais taxas de juros da economia.
Esta taxa não é fixa e varia praticamente todos os dias, mas dentro de um intervalo muito pequeno, já que, na grande maioria das vezes, ela tende a se aproximar da meta da Selic, que é determinada mensalmente pelo Copom.
Taxa serve de referência
Por ser de curtíssimo prazo e por refletir o risco do governo, a Selic acaba servindo de referência para todas as demais taxas da economia. Em situações normais a Selic é a taxa mais baixa, o que, porém, não ocorre sempre. De forma geral, quanto maior o prazo maior o risco e, portanto, maior a taxa.
Esse não é o caso, porém, quando o governo está adotando uma política monetária restritiva, com o objetivo de conter a inflação. Neste caso a taxa pode ser maior do que as taxas de longo prazo, o que indica que o mercado acredita que a política econômica adotada irá reduzir a inflação, levando à queda dos juros de longo prazo.
Efeito no bolso de cada um
O efeito sobre o dia-a-dia das pessoas de mudanças na Selic pode ser direto ou indireto, dependendo do perfil financeiro de cada um. Um dos efeitos mais diretos é sobre quem investe em fundos DI, pois boa parte da carteira destes fundos é investida em papéis pós-fixados, ou seja, que seguem a rentabilidade da Selic. Assim, um corte na Selic irá necessariamente reduzir a rentabilidade destes investimentos.
Já o efeito sobre quem tomou dinheiro emprestado é indireto e geralmente mais lento. Uma redução da Selic, em geral, leva a uma queda nas taxas de captação dos bancos e demais instituições financeiras, que, assim, teriam, condições de cobrar menos pelos seus empréstimos.
Porém, outras variáveis estão envolvidas na determinação das taxas de empréstimos, tal como as taxas de inadimplência, a margem de lucro dos bancos, a carga de impostos sobre operações financeiras e outros, de forma que as alterações acabam sendo mais sentidas no médio e longo prazo.’