25/06/2020
João, Pedro e Rita

João, Pedro e Rita costumavam tomar café juntos antes de seguirem a seus escritórios de registro de pedidos de patentes, reclamações e audição de lamúrias.

Uma trinca nada convencional, frequentemente eram solicitados para palestras sobre o estudo que realizavam há mais ou menos 4.543 bilhões de anos daquele bilionário, até então, pouco ordinario lugar classificado laico.

Não eram à toa os rechaços dos pesquisadores especializados em desenvolução de análise dos elementos integrantes emocionais, psicológicos, coletivos, individuais, físicos e metafísicos, em dar uma passada de olho nos relatórios do trio alquebrado por excessiva carga de insolubilidade das questões de pequeno cunho comum e demasiada impertinência pontual na sapiência daquele verbinho de quinta categoria: “ter”.

É certo que eles se esmeraram muito dos iniciais anos até a “aparição” do primeiro homem no tal “lugarzinho”, para equilibrar as reações químico-físicas do primeiro impacto da chegada naquela nova galáxia.

Pedro, engenheiro geólogo, especializado em formação de minerais em diversos tipos de densidade atmosférica e controle de temperatura por técnicas de supressão e inserção de gases e líquidos, foi recrutado para esta sessão da missão, mais especificamente. 

E até que conseguiu empurrar uns tantos de terra, dispersar átomos de vida compatível ao ambiente planejado para aquela civilização.

Não era tarefa fácil.

Numerosas vezes ficou sem ideia de como conter labaredas do fogo líquido ferroso cuspido em jorros pelo olho da abóbada principal de contenção dos ricos minérios que teriam em alguns milhares de anos. 

E por um reconhecido tempo esteve também esfriando as golfadas das violentas inflamações  do novo material criado pelo“Corpo de Docentes dos Cátedras da Cúpula dos 300 das Esferas Superiores Interestelares”.

Pedro dizia que estava tudo sob controle. 

O que João e Rita não acreditavam nunca.

Quando encerrava seu expediente, Pedro questionava-se sobre se tanta capacidade energética era realmente necessária naquelas jazidas, e que tipo de vida orgânica seria experimentada ali, que absorveria tanta pujança (?).

Enquanto calibrava a temperatura ideal,  vez ou outra blasfemava sua habilidade como termômetro de excrementos para petardo. 

O chamado gradiente geotérmico (assim denominado pelos cientistas no futuro) devia estar simetricamente proporcional a intensidade e quantidade de calor produzido pelos elementos presentes na hidrosfera e atmosfera.

E não bastasse, ainda não podia esquecer do Sol. 

Um acidente com o Senhor Todo Poderoso Rá  e tudo se converteria em  cinzas. 

E incinerado tão incinerado, que nem como confete de adubo serviria. Além de que, Pedro não exerceria sua profissão mais, nem no exercício de suas habilidades num fundo de quintal para cálculo, por regra de três, do tamanho do eixo entre a tampa e o corpo do balde de composta de uso doméstico. 

Ele estremecia só de imaginar os pedacinhos de pó brilhando na Via Láctea.

"Termometria naquela esfera era trabalho para infantaria!", pensava Pedro. 

Primeiro da turma da "Universidade diplomática dos “Pes”, os desafios embaraçosos não o intimidavam. 

Até aí.

Quando Pedro abriu o envelope cor azul celestial, com o emblema dos “Doutorados meritosos da Cúpula dos Pes”, e leu a fórmula da composição básica essencial do novo Lugar, a única ideia que respaldava seu terror era a de redigir uma declaração de categoria dolosa como "discente forever".

A priori, a composição do local deveria conter 93 elementos químicos naturais que permaneceriam em abundância, além de, mais ou menos 2000 (dois mil) tipos diversos de materiais de origens distintas e, ou resultantes da reação do encontro de elementos ímpares. 

Ah sim! O êxito da confecção de novas disposições para qualquer tipo de experiência ou proposta secreta (no caso referente ao novo Corpo daquela  Galáxia) somente seria possível se o trabalho fosse conjunto.

Entende-se conjunto pela união de  todos envolvidos no projeto, assim como as citadas e não citadas Instituições de diversas nomenclaturas que apareceram no transcorrer da leitura das instruções para novas etapas do processo.

E até aqui conhecemos um pouco de Pedro.

Quem é João?

João era conhecido e reconhecido como o melhor pesquisador da Comunidade Celeste de estudos e desenvolvimento avançado de projeções para ocupação atmo-hidro-flora  de Novas Massas espaciais, de qualquer âmbito cabível em 1 trilhão de galáxias. 

Pós doutorado na “Universidade Buraco Negro do Big Bang”, dedicou-se a aprofundar suas teorias na distribuição da flora, e no que futuramente chamariam de oceanos, rios, mares, lagos.

De um modo muito superficial, João era um oceanógrafo, biólogo, engenheiro e químico.

Quando recrutado para o mesmo projeto de Pedro, sua função primeira seria o preenchimento da Terra Fluida, que consistia na hidrosfera e atmosfera, assim como introdução das espécies vegetais, entendido como “toda a flora”.

Para tanto, era imprescindível a apreciação dos continentes, tipos rochosos predominantes em cada região, da temperatura de acordo com o movimento rotacional e outros detalhes.

Ah! As formas a serem usadas seriam criadas também pelo “Corpo de Docentes dos Cátedras da Cúpula dos 300 das Esferas Superiores Interestelares”.

O trabalho parecia simples, até João  receber um sobrescrito verde bandeira da “ Organização dos ex catedráticos da Fundação de apoio a estruturacao das 3 trilhões de galáxias do Buraco Negro”.

João necessitava trabalhar numa atmosfera capaz de conter a capacidade inflamável do sol sem, no entanto, fechar o círculo externo daquela circunferência.

Era primordial que parte dos astros pudessem ser avistados. Mas não o suficiente para criar interferência visual de outras “obras celestes”. Também, deveria ser sutil a combinação dos gases destinados a integrar esta película. 

Ou seja, transparentes no limite de permitir que o sol fosse também a fonte de vida. 

Já as águas, tinham suas estruturas preparadas e como Pedro havia deixado tudo pronto, bastaria preencher as cavidades com os tipos lecionados.

João, com seu ar intelectual inseparável de caras e caretas, torceu os lábios e releu por umas horas as instruções .

E assim, João criou uma atmosfera composta por oxigenio, nitrogenio, dióxido de carbono e vapor. 

Ficou tão linda a finalização, que os aposentados, ex catedráticos da “Fundação de apoio `a estruturação das 3 trilhões de galáxias do Buraco Negro”, requisitou um pequeno espaço naquele novo lugar para festejarem com tortas angelicais e bolo de nuvem, o aniversário de 4000 (quatro mil anos) do novo integrante estagiário da fundação.

O preenchimento  dos algares com a substância água foi um sucesso!

João  mal podia acreditar que conseguiu passar estas etapas com tanto êxito.

Ah! João, Pedro e Rita foram convidados para um mergulho no que se chamaria Mar Egeu, juntamente com os professores titulares da matéria   “Como criar novos universos” de todas as universidades da “Galáxia do Rodamoinho”.

E quanto a flora?

Ai João trabalharia com Ritinha.

Embora fosse dele a responsabilidade por tal, Ritinha precisaria identificar as espécies animais compatíveis com a distribuição dos biomas, bem como as necessidade que surgiriam até o cálculo de 1 bilhão de anos. 

Ritinha seria a responsável pela vida animal.

Ela estranhou não ter recebido nenhuma carta com detalhes sobre como executaria sua função

Continua...

Daniele de Cassia Rotundo

 



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