Os vendavais de outrora Naquele lugar donde nasci e cresci, às vezes parecia que a natureza se enfurecia. Um vento muito forte surgia sendo um prenúncio que antecedia uma chuva torrencial que às vezes não acontecia. Hoje se diria que tal prenúncio era “fake news”, notícia falsa, pois, a ventania se acalmava e a tempestade não chegava. Mas, comumente, depois da ventania a chuva acontecia. E nos ventos fortes as árvores se agitavam e até parecia que dançavam orquestradas pelo vento. Ele, muito potente desfolhava as folhas dos galhos das árvores, dos abacateiros, das ameixeiras e elas “voavam” altas pelo espaço como se fossem pássaros.
O vento, também, quando se fazia notar num redemoinho, ele retirava poeira das ruas de terra elevando-as para cima, para a atmosfera. Mas, havia quem dizia que os redemoinhos eram provocados pelo “Saci-Pererê”. Que imaginação fértil, não? (risos). E a ventania enquanto não diminuía, parecia ser mesmo uma fúria da natureza preparando uma torrente para mostrar pra gente que ela era indiferente ao pavor que poderia causar naquele parecer que o mundo ia acabar. Acompanhada por trovões e relâmpagos que a tudo estremecia, o “aguaceiro” que caia do céu fazia recordar a história da Arca de Noé que as crianças aprendiam no catecismo da igreja.
Para acalmar a tempestade, minha mãe acendia uma vela e repetia várias vezes: Santa Bárbara, Santa Bárbara. Também, quando havia ventania muito forte havia quem dizia que ela acontecia porque algum padre havia morrido. Mama mia! As superstições sempre existiram e faziam parte do nosso folclore. Atualmente, quem se lembra do Saci, da mula sem cabeça, da sucupira, do lobisomem e etc. cujas lendas, para muitos ingênuos, pareciam ser reais e não superstições. Hoje, as superstições ainda existem mais para os adultos que têm preguiça de raciocinar para poder refutar o que lhe seja irreal ou absurdo para suas consciências.
Altino Olimpio