As festinhas do Jardim de infância eram realizadas no salão da Fábrica.O cronista e amigo Altino Olimpio, com certeza encantaria muito mais os leitores com suas belíssimas descrições e reminiscências dessa época tão bonita.Mas, vou tentar relatar o que ainda consigo me lembrar e quem sabe também encantar alguns saudosistas.O Salão era mesmo, um local nobre, principalmente para nós crianças da Vila Leão.Vínhamos,a pé passando por todas as vilas.Seguíamos depois, pela ponte de madeira,larga e rústica .Era bom demais ficar do alto admirando aquele espetáculo de águas revoltas e espumosas correndo sobre pedras e troncos .A poluição provocada pelos produtos químicos da fábrica nada significava,nem diminuía meu deslumbramento.Mais adiante, a travessia era pela Ponte de Cimento,arqueada,romântica onde o rio corria mais calmo.Depois atravessava-se um pequeno túnel para o então acesso às escadas também de cimento.Lá em cima, referência do vilarejo, a Estação, de estilo inglês,seus bancos,trilhos e as saudosas maquininhas, vitais numa época de raros transportes coletivos.Acoplada à estação, ficava a entrada da Fábrica, com uma portaria de catraca e uma chapeira enorme com os cartões de ponto dos operários.Adorava ver a saída deles em filas,marcando seus cartões,após o apito das 17 hs.Atrás dos bancos da estação, uma segunda escadaria nos levava a um local ótimo para as tardes de domingo,paradisíaco com jardins, flores, árvores,pinheiros formando uma espécie de pátio e caminhos de intensas influências alemãs.Absolutamente normal, afinal a Melhoramentos era dirigida por alemães.Em seguida,há alguns metros, o acesso à porta principal do enorme espaço cultural: O Salão Nobre.Justo este nome, afinal era lindo demais.Já na entrada,haviam vitrines trancadas expondo produções da indústria.Livros,cartilhas cadernos,fotos,troféus, faziam parte deste acervo importante que jamais passou desapercebido.A limpeza era um primor.Havia um cheiro de coisa nova,diferente e inexplicável que,me agradava.As vidraças de ambos os lados tomavam conta das laterais do prédio e expunham, além da luz externa, toda vegetação local.As cortinas eram brancas e desciam do teto ao chão num charme e bom gosto indescritíveis.O chão era de tacos de madeira com o brilho esfuziante dos grandes salões e acomodava imponentemente poltronas forradas de tecido vermelho.Mais à frente ,o palco com chão e paredes de madeira brilhante, com duas pequenas escadas laterais e cortinas cor de vinho divididas ao meio.Eram abertas e fechadas, puxando-se 2 cordas ou pingentes laterais, por pessoas que sempre ficavam escondidas, por traz delas.De cada lado, como todo cenário, 2 coxias pequenas, onde seus artistas se preparavam para as apresentações.Fui com freqüência àquele local, com a Profª Therezinha.Ensaiávamos e passávamos a tarde nos sentido parte daquela nobreza.Aquele lugar foi especial a nós crianças e a todos os adultos das Vilas que também rodopiaram e se divertiram em todos os eventos ali realizados .Ainda , descreverei algumas das minhas experiências neste palco da minha saudosa infância.Por enquanto,optei por a essa fraca descrição torcendo para que alguém da turma do jardim de Infância – 1963, leia esta crônica meio incompleta, e que através dela possa também recordar com felicidade os belos momentos vividos no Salão Nobre da Fábrica.E quem sabe seja até possível se acrescentar mais alguma coisa que eu,infelizmente não tenha conseguido resgatar.
FATIMA CHIATI