LEMBRANÇAS DA VOLTA FRIA
Quem morou no Bairro Leão, lembra-se muito bem do temor de passar pelo trecho da estrada que ligava o Bairro Leão, Ilha das Cobras, Bairro Fábrica esse local chamava-se Volta Fria. Conta-se que no passado uma pessoa teve problemas e suicidou-se neste local.
Quantas folhas de embaúvas caiam justo na hora em que a gente passava era incrível o cabelo arrepiava, de tanto susto e medo. Quantas vezes passei por isso.
Mas tenho alguns acontecimentos que me deixaram sem respostas.
Caso 1:
Nos ano 56 ia caminhando pelo local por volta das 11:45, indo para o a escola Grupo Escolar Alfredo Weiszflog junto com o companheiro diário Frederico Bertollo Neto, como fazíamos todo dia, quando passando pela Volta Fria atiraram em minha direção já que eu estava um pouco para traz, um enorme sarrafo com um grande prego na ponta, quase me acertou. Olhando para o barranco avistei uma pessoa toda de branco, que tinha atirado a madeira. Um pouco a nossa frente seguia para o trabalho na fabrica de papel o Sr Joaquim Albino que viu o que tinha acontecido e voltou-se para ver realmente o que era. Mas ele achou estranho não tinha ninguém.
Eu pergunto na época era comum fugitivos das Colônias Franco da Rocha caminharem pela região más eles não iriam sumir ou fugir após atirarem um objeto.
Caso 2:
Anos 60, eu era marmiteiro, isto é transportava marmitas para diversos trabalhadores de suas casas para as Portarias da Fabrica de Papel, e pra os horários das maquininhas para serem levadas a Portaria Cerâmica e Portaria da Of. e Carpintarias Caieiras.
Eu fazia isso na hora do almoço as 10:00 horas da manhã e as 16:00 horas da tarde todos os dias sol e chuva sem falta,além de fazer serviço de compras para as pessoas no Armazém Fábrica, Quitanda e Açougue.
Não podia faltar era um compromisso e recebia para isso, chuva, sol era sagrado pois as refeições tinham que chegar quentinhas.
Na época não existiam restaurantes industriais no local.
Numa tarde caiu um forte temporal eu comecei a chorar e não queria sair de casa de medo para transportar as marmitas, não sei porque comecei a chorar que não queria ir aquele medo, coisa que nunca tinha acontecido pois outras vezes choveu igual e eu fui assim mesmo.
Após uns 15 minutos minha mãe Dona Benedita vendo o meu estado e que já estava atrasado me acompanhou. Quando chegamos em frente a casa do Sr Jacob Fava, ainda debaixo de temporal, ouvimos um forte estrondo, quando olhamos sentido Volta Fria aquela montanha toda desmoronando , tudo vindo abaixo.
Se eu não tivesse aqueles minutos de medo e chorando estaria embaixo da lama, era o tempo exato em que estaria passando pelo local.
Então alguém colocou a mão e me protegeu não tem outra explicação.
Nesse dia um Sr passou viu a situação se ofereceu, não me lembro quem era a pessoa pegou a marmita e atravessou aquela lama com dificuldades e foi levando a marmita para a portaria.
Até hoje não me esqueço desse dia .
É bom lembrar que também fui vendedor de revistas e jornais para o Alfredo Bonini, eu ia de manhã em Caieiras ao lado do Armazém de Caieiras buscar os jornais e revistas e vendia não Bairro Leão em duas sacolas, no outro dia prestava contas e trazia outros jornais e revistas.
Tudo isso até eu entrar para o quadro de trabalhadores da Cia Melhoramentos de São Paulo em Caieiras Bairro Fábrica, como Auxiliar de Expedição com inicio a em 14 de setembro de 1962.
CASO 3:
Não sei se alguém se lembra quando nos anos 60 seu Noif Neufeld dava aulas a noite de reforço de matemática, em uma sala atrás das garagens próximo ao tanque de óleo cru no Bairro Fábrica.
Eu não perdia uma aula que era duas vezes por semana se não me engano, no horário das 7 ás 21 horas .
Eu morava no Bairro Leão e tinha que passar pelo trecho da Volta Fria. Para ter companhia para voltar após as 21:00 horas era difícil , esperava alguém que fosse em direção ao Bairro Leão ou esperava quem vinha com a maquininha das nove e meia pra poder ter alguém que fosse para o bairro de companhia.
Até que numa noite a aula terminou antes. Ai não tinha ninguém de companhia. Ai não tinha jeito com medo ou sem medo ,claro que é mais com medo, eu fui caminhando sozinho, mais ou menos 8:45, não tinha jeito ninguém, ai chegou Ilha das Cobras virou a curva que tinha e a temível Volta Fria, dei mais uma olhada para traz e ninguém fui em frente só Deus sabe como, parece incrível quando passava em frente do local me cai uma pedra de cima para baixo em minha frente, abaixei a cabeça continuei caminhando normal quer dizer quase normal arrepiado cabelo em pé mas pedi proteção a Deus e fui caminhando normal, até quando cheguei em frente a casa do Jacob Fava, que era a primeira casa do inicio do Bairro Leão criei coragem olhei para trás e não tinha nada me acompanhando, que alivio.
Mas o susto foi muito grande não deu para esquecer até hoje
Por essa e por outras jamais esquecerei a nossa Volta Fria.
FRANCISCO JOSÉ VANGUELLO DE FREITAS