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Mascarados

Naquele nosso passado, sempre nos dias que antecediam o carnaval, nas noites tínhamos medo de sair pelas ruas do Bairro da Fábrica porque, poderíamos encontrar grupo de rapazes mascarados, eles sendo irreconhecíveis com seus trajes ou disfarces apavorantes. Portavam porretes e com eles ameaçavam quem encontravam. Com vozes alteradas, disfarçadas, desacatavam e amedrontavam pessoas, as mesmas que durante o dia tratavam educadamente, amistosamente.

Quando o grupo se deparava com alguma moça, rodeada por eles, seu sufoco era percebido em seu olhar, ele parecendo estar vendo monstros. Quanto mais medo se demonstrava por eles, mais eles ameaçavam com seus porretes, com ofensas, humilhações e empurrões. Quem se visse naquele apuro de quando cercado por eles, depois do drama ter passado, o alívio parecia tão grande na mesma proporção do apuro. Porém, existiam aqueles que não davam importância aos mascarados, passavam por eles sem serem admoestados. E em cada noite, os mascarados “visitavam” uma vila diferente sem serem reconhecidos.

Essas farras de jovens mascarados brincalhões fizeram parte dos lados pitorescos daquele local monótono, merecendo ser lembrados. O fim do carnaval também era o fim para aquele costume, quando, na quaresma as distrações eram pecado.

Não se podia comer carne, falar palavrões e outras coisas porque, como castigo, Deus faria nascer rabo em quem desrespeitasse os “seus” mandamentos.

 

Numa dessas épocas, um rapaz do Bairro de Perus, tendo ido à Vila Nova para namorar uma moça que lá morava, perto da casa dela viu-se cercado por um bando de mascarados. Deve tê-los enfrentado porque, um deles agrediu-o com o porrete e ele pra se defender protegeu o rosto com uma das mãos. O rapaz ficou mesmo ferido, pois, nos outros dias que voltou para namorar, ao passar pela casa do Máximo Pastro, este o viu com a mão toda enfaixada. E o Máximo foi o mascarado que quase lhe quebrou a mão ou quebrou mesmo. Nunca se soube.

Aqueles malvados tão temidos quando disfarçados, só podiam ser o Máximo, o Nildo Carezzato, Vivaldi Nani, Adilsom Casarotto, Renato Molinari e outros do às vezes participar.

Em outra ocasião, os medonhos estiveram na Vila Pereira e lá ao assustarem uma mocinha que estava do lado de dentro do portão de sua casa, ao ouvir seus gritos, seu pai correu em seu socorro, arrancou a mascara de um deles que era uma bola de capotão enfiada na cabeça, deu-lhe um tapa muito forte e os “amigos” mascarados nem tiveram tempo de reagirem, assustados que ficaram.

O dono da bola que levou um tapa na cara era o Máximo Pastro. O pai da mocinha era o Mathias Rodrigues Gil e a mocinha era a Nim, seu apelido de como era conhecida.

Nestes nossos tempos, a juventude nem imagina terem existido essas “proezas” do passado, como tantas outras se fazendo história e história de pessoas que não se repetirão como antes, nesta juventude.


Altino Olimpio

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