Que tempos bons aqueles de criança de antigamente. Diferentes dos de hoje, as crianças se divertiam muito mais. Indo direto a uma das brincadeiras daqueles tempos, eu e o conhecido Zé Polatto tivemos a mania de separar as palavras em sílabas, cada um pronunciava uma delas nas suas sequencias. Ao vermos um cavalo eu começava a soletrar “Ca”, ele “va” e eu terminava “lo”. Vendo a ponte de madeira o Zé começava “pon”, eu continuava “te”, a seguir ele “de” depois eu “ma” ele outra vez “dei” e eu terminava “ra”. Assim nos divertíamos até com os nomes das pessoas que encontrávamos pronunciando as sílabas de seus nomes em alta voz. Uma vez, estávamos nós na estaçãozinha da maquininha e a mesma estava repleta de pessoas aguardando-a chegar para embarcarem do Bairro da Fábrica de Papel para Caieiras. Haviam muitas pessoas sentadas nos bancos e outras de pé na plataforma. Eu e o Zé estávamos sentados num dos últimos bancos quando chegou o Seu Curitiba, apelido este de um homem muito conhecido naquele lugar. Com uma cotovelada apontei-o para o Zé intimando-o: Vai Zé é a tua vez comece bem alto. O Zé não deixou por menos e gritou: Cuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu. Eu fiquei calado e o Zé me dando cotoveladas disse: Vai logo é a tua vez, fala “ri” logo. Mas, permaneci calado. Nisso, algumas pessoas dos bancos à nossa frente olharam para trás e eu vi o Zé ficar todo vermelho de vergonha e foi quando eu cai na risada. Que teriam pensado daquele menino gritando um palavrão em público? Menino malcriado sem educação. Quando o Zé se deu conta daquela “pegadinha” reagiu me ameaçando “você me paga, eu vou me vingar, você vai ver”. Vendo-o com aquela cara de zangado meu ataque de riso não terminava. O Seu Curitiba, coitado, só ficou com a primeira sílaba do seu apelido. Contudo, a chegada da maquininha e o retorno dela pra Caieiras deixaram o silêncio, eu e o Zé na estaçãozinha, local este das boas lembranças tidas hoje.