Maioria dos casos de câncer acontece por ‘má sorte’ ou "Azar"
Segundo pesquisa americana, dois terços dos tipos de tumor, como o cerebral ou de ovário, ocorrem por mutações aleatórias no DNA, e não por fatores hereditários ou hábitos de vida.
Diferentemente do que se imaginava, a maioria dos tipos de câncer é desencadeada por “má sorte”, e não por fatores hereditários ou relacionados ao estilo de vida do paciente, segundo pesquisadores da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos.
Em um estudo publicado nesta quinta-feira na revista Science, esses especialistas concluíram que dois terços dos cânceres ocorrem devido a mutações aleatórias que acontecem no processo de divisão celular, o qual permite que o corpo humano substitua as células que morrem nos diferentes órgãos.
"Esse trabalho mostra que o risco de uma pessoa ter câncer pode aumentar caso ela seja fumante ou tenha maus hábitos. Porém, numerosas formas da doença se devem principalmente ao azar e a mutações em um gene que desencadeiam um tumor maligno, mas que nada não têm relação com fatores hereditários ou hábitos de vida”, diz Bert Vogelstein, professor de oncologia da Universidade Johns Hopkins e coordenador do estudo.
Tipos — Os cientistas se basearam um modelo de estatística que leva em consideração 31 tipos de câncer, mas que exclui os cânceres de mama e de próstata, alguns dos mais prevalentes na população. Ou seja, a conclusão da pesquisa não vale para esses dois tipos de tumor. Das 31 formas da doença estudadas, 22 parecem ser provocadas por mutações aleatórias, incluindo o câncer no cérebro, nos ossos, de pâncreas, de ovário, de testículos e leucemia.
Especialistas já sabem que o câncer pode aparecer quando as células-tronco cometem erros ou mutações na hora de se dividirem. No entanto, essa é a primeira vez em que uma pesquisa tenta compreender a proporção de casos de câncer gerados por esse processo em relação aos que surgem devido à genética ou a hábitos de risco.
"Mudar nossos hábitos de vida será muito útil para evitar alguns tipos da câncer, mas não terá nenhuma eficácia em outros", afirma Cristian Tomasetti, biomatemático, professor de oncologia na Universidade Johns Hopkins e um dos autores da pesquisa. "Deveríamos destinar mais recursos a detectar estes tipos de câncer aleatórios em seu estágio inicial, quando ainda é curável."