Depois de longa caminhada na vida pelas incertezas que se permanecem, ficamos mais introspectivos e nossa consciência parece querer se exteriorizar do invólucro a que está restrita para ascender às alturas incomensuráveis em busca de luz para suas interrogações. O mundo de fora é absorvedor do tempo inimizando com o mundo de dentro, pois, é só quando o corpo adormece e quando o mundo de fora ele desconhece, que, o mundo de dentro parece que se reconhece como parte do firmamento. Estar acordado e consciente é se saber do quanto ainda somos inconscientes. Nossos momentos mais são prisioneiros do mundo de fora e até adormecermos é esse mundo que levamos para o mundo de dentro e, este, mais vive esquecido, porque, para nós, sua existência é para quando estamos adormecidos. Assim, quando nossa consciência está desprovida de consciência, sem tempo, sem espaço, inverso de quando acordados, parecemos ser o universo. Eis o mistério para o qual não há magistério. “O homem, eterno desconhecido de si mesmo”. A morte desfigura a sua aparência e desfaz a sua consciência, e esta, com tudo o que encena ou lhe é encenado só tem existência enquanto vive encarnado e nada contrário foi provado. Quando mais nos chegam às rugas mais procuramos por fugas, acreditamos para a nossa sorte, que, não existe morte. A vida quando individualizada sua duração é determinada. Tudo que encerra, ela é destinada a ter e deixar, onde vive, experiência que só serve para a terra. Que experiência humana serviria para um céu regido por leis e contendo suas existências astronômicas e anônimas? Teria ele um espaço reservado para abrigar conteúdos mentais humanos? Que utilidades teriam no espaço que por si só, até hoje, muito bem se mantém? Muitos encarnados reclamam por nada ter o que fazer. No tal espaço reservado, eternamente, conseguiriam ficar na felicidade do nada fazer? Até onde sabemos, quando antes de adormecer fechamos os olhos e nossa consciência parece querer abarcar e se imiscuir com o Grande Todo, ela se alinha com o que Ele é, anonimato global e silêncio. Anonimato e silêncio, duas das mais importantes lições que o homem jamais aprendeu e nunca aprenderá, pois, seu anonimato é identificação e o seu silêncio é barulho. Sua mente que não mais escolhe, tudo o que ouve recolhe e fica vivendo em seu pensamento sendo mais barulho para o seu condicionamento. Felicidade dele quando tarde a morte, do barulho o virá salvar. Descondicionamento, desidentificação, desagregação e ao silêncio retornará. “Barulhamos” demais, talvez, porque, esquecimento e silêncio farão parte do nosso fim.